segunda-feira, 17 de agosto de 2009
A primavera e o pássaro
Certo dia estava cansada da vida, sem muitas esperanças, resolvi fazer uma viagem para um lugar conhecido, mas que há muito eu não visitava. Cheguei lá e avistei um pássaro,que já já havia visto e me encantado numa floresta, mas ele nunca havia cantado pra mim. Certo dia este pássaro despertou e iniciou seu canto para mim. Nossa, como foi lindo seu efeito em meu coração. O pássaro que vivia solto na floresta resolveu seguir viagem comigo. Foi amor à primeira vista. Resolvemos viver uma nova experiência, então ele veio comigo pra cidade, demorou a se acostumar com o trânsito, barulho, pessoas novas, mas seguiu comigo nesta selva. O pássaro teve que cortar suas asas e trocou várias vezes suas penas, a cada nova experiência vivida, cada barreira ultrapassada. Meu passarinho passou a ser minha melhor companhia, ele e mais ninguém. Meus olhos eram encantados por ele, e ele sempre com seus olhos naquela floresta que ficou pra trás, mas sempre cuidando de mim, dando amor com seu cantar. Por muitos anos ele cantou pra mim e eu apreciei de perto sua evolução, e assim ele foi se tornando um grande pássaro, um pássaro desta selva. Nossos caminhos estavam entrelaçados e dificilmente seriam quebrados. Entretanto, um certo dia aquele pássaro resolveu seguir caminho para sua floresta outra vez. Eu, quando o trouxe saberia que ele não se adaptaria a um novo habitat, mas insisti em escutar seu canto ao meu lado, insisti num amor verdadeiro, naquele canto singelo e doce que me despertou o coração. Mas meu coração foi despedaçado junto com o seu canto ao vê-lo partir.E ele voou com promessas de passarmos o resto de nossas vidas num lindo ninho. É fato que eu teria que suportar sua ausência e fazer o possível para voar em sua busca no limiar da saudade de seu canto. Os dias foram passando e aquele canto me fazia falta, não acalentava mais meu coração. O sofrimento pelo som que ficou no vento foi me apavorando e me consumindo. A cada encontro o canto se renovava, mas depois se perdia. Eu precisava ouvir aquilo todos os dias, mas ele foi se esvaindo. Bastou uma primavera para o pássaro trocar novamente suas penas e com elas ir o meu canto, o meu ninho, o nosso sonho, o nosso amor. Foi muito sofrido ver aquele pássaro que me encantou e cantou pra mim ir embora levando meu amor, o meu canto. Uma primavera mudou meu passaro, mudou seu amor. A distância de seu cantar e o adquirir de suas asas novamente lhe trouxe uma nova expectativa: a de voar. E assim ele vôou e não mais voltou. Seu canto no início me fez muita falta. Hoje soa como um ruído longínquo e leve, se perdendo no ar. Aquele pássaro talvez não tenha levado meu amor, mas sim o deixado para que eu entregasse a outro pássaro, um pássaro merecedor. Incrível, que após a ida do pássaro me senti leve e na primavera seguinte ganhei no entardecer o que não esperava: um lindo e enorme par de asas, só pra mim. Minha beleza ao voar chamou a atenção da selva. E mais, eu aprendi a cantar e apreciar o meu canto. Um lindo e singelo canto de liberdade, de felicidade e de paz. Meu canto é pra mim, minhas asas são para o mundo e meu coração pra quem merecer cuidá-lo.
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